Naufraguei,
Como um barco a deriva;
Errei,
De forma complexa e passiva.
Implorei perdão
No silêncio de um olhar;
Foste tu quem me estendeu a mão
E me ajudou a levantar.
Esqueceste o imperdoável,
Abraçando a nossa amizade;
Num momento irrefutável
Conheci o sentido da palavra irmandade.
Com confiança, hoje diviso
Um sentimento nunca abandonado,
Onde um mero sorriso
Simboliza um eterno obrigado.
Saíste sem olhar para trás,
Desprezando o que nunca viste,
Procurando em ti a paz
E a razão porque a dor existe.
Partiste em busca de glória,
Enfrentando promessas vãs;
Apenas querias contar a estória
De vivências outrora sãs.
Nada te fez perder a cabeça
Mesmo estando perdido
E, por mais teias que o Diabo teça,
Juraste nunca ser esquecido.
Viraste costas ao destino,
Rezando no último lamento
Que fizéssemos da vida um hino,
Uma esperança de um só momento.
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Segue-me como uma sombra
Apenas para me amparar;
Somente a dor o assombra
Pois é incapaz de macular.
Renasceu a meu lado
Sem nada em troca pedir;
Guarda o meu triste fado
Ensinando-me a sorrir.
Asas que me enlaçam
Mesmo sem tocar;
Murmúrios que me abraçam
Sem palavras a aflorar.
Ouve a minha prece,
Muda num mundo plebeu;
Perdoa quem não merece,
Assim te imploro, doce anjo meu.
São tempos modernos,
Reais;
Falaciosos momentos eternos,
Imortais.
Uma vontade de fugir,
Vulneráveis;
Olhares que não sabem mentir,
Intocáveis.
Força da verdade intempestiva,
Soberana;
Cegos numa passagem depressiva,
Mundana.
Anjos agora terrenos,
Levianos;
Impensáveis sinais obscenos,
Arcanos.